terça-feira, novembro 02, 2010

O Desprezo (ou o Inconstante)

Reconheço o meu crime.
SOU CULPADO.

Auto-
         sentença INAPELÁVEL,
                                                  ABSOLUTA
e portátil.

HOJE EU SOU PENA e
me a arrasto
marrasto
              na rua, na cama
              (pena pesada)
Ou homem,
sou cárcere. Matado.
Me atado:



É do sentir intenso que nasce a sentença
                                        (como muito ar no peito me soa àrrogância)?


          Antecipo-me
atento:
          Respondo que NÃO.




Afinidades fonéticas não fazem verão.
Perdão.


*   *   *


Culpa Pena Homem Cárcere
                             sou-me estrangeiro também.
Existindo - Inxistindo
   EU ME ERRO

                                 (conceito ou juízo, me digno de nota:os refluxos afetivos são dolorosos e ardem 
como as regras que toda mulher sente 
e eu não)


Transpiro.
O que é completo é impaupável e existe
como é o eterno o que sempre
esteverá
aqui
foi será como ainda
é nesses minutos soltos de reflexão
(a pausa no poema, intromissão da razão)



*   *   *



serei era como agora
sigo mutante,
a minha metade
e te nos duplico
                                    NUM DESAFIO A MATEMÁTICA
um desperdício
dois contransensos
vivos no retorno eterno
ou pelo Aleph borgeano
                                                                    pela filosofia senil da Isabel, a vizinha


Alma não é língua 
e não se traduz
(não se encaixa afinal de contas num código o que é inteiro nuance)




*   *   *

Se fui raiva agora não estou.
O poema nasceu, não é.

Cada verso é demasiado lento
Se atrasa
como se arrastam sempre as linhas de um parágrafo 
Convencional.

Falta-nos vida.






Buenos Aires, setembro de 2010

Um comentário:

Anônimo disse...

poema de gente grande
parabéns de novo
sempre