quarta-feira, dezembro 13, 2006

Trocou ei por o e chorou a noite toda

O título veio tão todo-todo, que eu achei que tirava finalmente o pé da lama. Essa coisa de fabilizar é assim mesmo: volta e meia a sorte te foge que não há quem vorte. Nem foi diferente.

E aí a gente acaba apelando pra uns recursos, não dá pé ficar muito tempo por fora – afino: viva a literatura, afinal -. ¬? . ^ . Pára-se pra pensar: que que te dava o guizun? "Tu vai se lembrar de lembrar, vai lembrar, vai por mim!"

Veio.

É o caso daquela merda que unza-time again te força a pálpebra e dá câimbrolho. Dá no sempre no que dá. Já fez quase um mês de azul sem os azuis.


Troquei e por a, a chorei a noite inteira.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Fá-bula S.

boa noite,

estou deveras (serei claro e direto): sabes bem.
o ponto é que escrevi uma Letra.

se agora, que eu tô comotô, ela já tá com aquela cara de absurdo; amanhã, sóbrio, o nome será Incompreensível.
a coisa é que, nesse estado, eu acho que consigo iluminar os conteúdos

s.m. /s.f. / subst. próprio .

antes de qualquer coisa; metricamente ela tá direitinha.
dito disso - hora de esmiuçar a senhora Rima dos Menudos:

.

- quatro primeiros versos metalinguísticos. o passo-a-passo para se fazer-se letra em música.
- dois próximos: anunciam a chegada da historinha didática inventada.

(intervalo. instrumentos)

- quatro-primeiros-segundos já entregam a estrutura padrón do texto cabrón: verbos, citação, clímax e, por fim, personificação.
- quatro seguintes misturam tempo presente e tempo psicológico. no quinto o Sujeito assina.

- quatro últimos - metalinguagem se explica no refrão: a farsa lírica é a metonímia do determinismo.

.

você está preparado. leia com a bula:


Fábula
lápis, riso e cara maquiada, assim se faz

o circo da escrita é outra farsa
quer saber se dói cospir em letras, tenta ouvir
a história do pequeno Jaboti.

atenção: o ré menor é a pista
sente-se e comece a anotar!

.: instrumentos:.

não se esconde nem olha pra trás, pra perceber
deixou o amor embaixo da escada.
porque a cor de cruz da madrugada é mais pra lá
porque a sua luz é cor de lágrima

fogão frio acende, esquenta e morre.
e a palavra esquece de falar.
a vaidade começa a pensar
,segura, toma, aceita logo o chá!
menina.

-
ah, e o verbo sai
kilos a mais
é Dia dos Pais
é aniversário.
-


note só que coisa calamitosa.
inefável, inefável...

quinta-feira, setembro 07, 2006

Play something familiar, Billy Liar

Se com cada se mostra um tanto e sortudo é o que já viu o todo, pra si era pau de gorducho - mistério escondido em barriga. O tanto que era com cada lhe era tão nada, mas tão nada-nada, que a si sempre se perguntava: "Ei, porra. Sou Sartre à Sganzerla. Que sou? Nem Hamlet, nem merda".

O problemão da falta de tenência veio quando, um dia, o tanto que era com cada vazou entre cada um dos cadas, o que fez ninguém entender nada e cobrar-lhe mínima coerência. "Ooooras", queria pensar, "Se linha eu perco até Tilibra, se falta mesmo aqui na escrita, bolas, querê-lo além pose é exagero. Tortura, não mais é que vírgula*".

E se de novo confundia, vê só. O culto ao culto bonitinho ainda era de gosto - lia, ouvia e escrevia, tudo isso mais menos que mais, aliás. Faltava, e isso ele achava, saber o pra quem e o pra quê, além do por ser ou querer - dos quais desistira há um tempo. De novo, coitado, nessa ainda mais se fundia porque, se burro ou no charminho à quinta, era ambos e em nenhum sucedia.

Fazer-se o burrón era bom, nem negava. De noite era só dos magrelos; adorava e dançava o seu charme indiscreto porque só sorrir a libido forçada forçava e bastava: gostavam, fingiam-lhe apreço. Já o prêmio da tal falsariagem só ia aquém do carinho no ego, já que ele tinha que ser limitado, quisesse embriago, punheta ou sucesso. Assim se nutria o embargo.

O mito imitado em Lua era vago - logo ele seria careca e sabia. Sem pêlo acabava a estima, que nada mais era além ode ao status. E lá do outro lado do fio esticado, a usura era já quase adulta: cobravam-lhe os juros do afastamento e o desprezo ao murmúrio era quase consenso. O preço da contradição então era o não.

Personalidade era a roupa da festa, vestida de acordo com o traje pedido e, oh!, sabia que estava perdido. Esqueceu paciência nos copos e corpos: um dia ele desistiria; em fumaça se fantasiaria. Sorria.

segunda-feira, setembro 04, 2006

These impressions of Earth

Todos juntos cantando bem quietinhos, vamos lá.


É na e no Sol de manhãzinha,
também nos de de tardezinha.
É quando toca a musiquinha
e aqui na vista da baía.
É no papel feito em bolinha,
ou no em volta à companhia.
É no livrinho comunista
ou no retrato do artista.
E no pedido egoísta
e na explicação sofista.
A pena pena a escrita
e faz de novo a vez da vida.
Até lá, que a gente insista.


Um dia vira conversa.

quinta-feira, julho 27, 2006

- quatrilha menor, Maestro *

Abelardo rouba sempre os fósforos da cozinha pra acender seus cigarros.
antônia pendura calcinhas sujas no box do banheiro.

Dona martha um dia se irritou muito com as calcinhas e decidiu queimá-las. Catou logo umas três, virou pra cozinha e cadê a porra do fósforo?

Abelardo bateu e entrou enquanto seu cláudio e lia tentavam transar já pela terceira vez:

- Tchau-tchau, vou pro colégio.

Dona martha, que procurava Abelardo e seus fósforos, entrou no quarto e deu com o filho pelado, com aquela maçã na boca.

Desmaiou.

antônia então chegou do colégio, trazendo o namorado e o casal de sogros.

lia irritou-se vendo toda aquela movimentação, levantou-se da cama, nua, nuínha, e pulou pela janela.




Abelardo nunca gostou mesmo daquelas calcinhas esbarrando no xampu. Acendeu seu cigarrinho, virou as costas e seguiu tranqüilo pra escola.






* Maiúsculas e Minúsculas. Da série "Crimes Pequenos"

sábado, junho 17, 2006

Por aí


Biazinha costumava falar com a boca e com a cara inteira. Às vezes seu corpo todo também resolvia falar. Era caso de querer ou não, coisa de vontade.

(pianinho)

O que houve ontem não foi legal pra saúde, legal menos pra reputação da pequena Bia. É que Zinha e as amigas montaram a banda de rock há uns três meses, e ontem rolou(,) finalmente(¬) o debú. Casa lotada, mundo todo presente, ou bebendo; Biazinha, owyeah, perdeu sua linha.

(rock, rock, rock)

Beijinho à francesa, cigarro vermelho e uiscão, um atrás do outro. Se lá era alguém, seu nome era Do Povo. I am the lizard king. I can do anything. Fez, fez, se estrepou. Subiu mais que torta, encarou a platéia e empacotou.

(mozart)

Tá morta, lá, cemitério, acabou. E tá, tá sim, tá mal falada que só, e é sim, de dar dó.
Acentos agudos são tiros. As vírgulas torturam.

quarta-feira, junho 07, 2006

Volta pra ficção, Ricardo.

Esse nosso jeito dia-a-dia de escrever é mesmo e só hilário. A paixonilte pela língua ( ) se mostra agora pela burocracia dela. Manifestar-se. é!

Se a prezamos ou é importante mostrar que, partamos então de sua função primeira, essa aê, passar. Passou? Deu pra entender caralho? Porra deu pra entender caralho? Vírgula e apóstrofe são, burocracia.

Não amandemos e invertamos a coisa à sacaneeur dos que fazem e não sabem. Nem o oposto do oposto, defender com a dentada a honra dos niilist(rok)es do computador. Só paremos de bobíce, Gulart.

(L) Vocês!








E terminou o discurso, aplaudido por um grupo de morsas.









- Olá! Gostei muito da sua arte! Sou gorda!

- Yeah! I'm the fucking fatty bitch, sucker.

- No colégio me chamavam de Júpiter. Era a saia.

- Eeeeei! Me ajudem! Vocês, me levantem!! FIZ um buraco.

sábado, maio 13, 2006

Nada que a falta de uma boa noite de insônia não resolvesse.

Acordou.
O primeiro momento e tudo oquêi, era uma manhã trivial.
Foi ao banheiro e se olhou.
Já disse, não era uma manhã trivial.

Molhou com força o rosto.
Febrão, febrão... Chuva filha da puta.
Lembrou que ontem foi o maior solão e que não arredou o pé de casa desde as quatro da tarde.
Febrão da gripe... Eu sei que é!

A cabeça ia bem também:
poucas pontadas bem espaçadas.
Gotinhas de homeopatia, pingando, Seis horas na cuca.
Sobre a, tim, dorzinha constante; pra lá cerejar.

Antíteses e paradoxos da pázinha e do baldinho.
Overjoyed and at peace da mirônga do kabuletê.
Pícaros Alados – A Nova Novela do SBT.
Fim da simetria, o braço vai e cá vem o pé.

Foi então pra cozinha, escolheu um pão e tomou café.
E era o fim da historinha, razão, razão, não sei que é.
Voltou para o espelho;

pasta,
sabão,
e o estranho até.

E Foi pra faculdade.

Depois pra Barra.

Depois pra Farra.

Doeu de novo.

Mais uma vez.

A última vez.

E uma vez se encheu.

De noite no Queens


Aaahh, nada como res-pirar bem fundo.
O máximo possível, o clássico fusível.
Faltou luz na Macedônia, aos maçons só acetona.

Mama, just killed a man, sais that faggy moustache.
Bigodes, Jack Fucking Twister.
Mão direita no vermelho.
Jorre, líquido maldito.
Estamos na banheira, eu, você e Matthew.
Apaga, apaga e tira a tampa.
Sim, beba Coca-Cola, sinta o verão.
Os quarenta e dois da cidade maravilhosa. Elkes e suas longas botas no Lido.
Ler pra quê?
Re-pito.
Mamamia, mamamia, mamamia letmego. Let me go to Alabama.
Sweeet home, Alabama
where the skies are so bluuue.
Azuis como os da loura.
Loura em parte,
parte a loura,
vem o olhinho.
Vai o olhinho.

E hoy jo catarsei.
Catar-sei, eu sei, eu sei. We pray.
For Ray. Charles.
Camila Parker Bowles, Elton John e aquela música chaaata.

Aaahh, nada como res-pirar bem fundo!
Canta, Freddy Krueger, eu dirijo o Mercury e peço um n°1 sem picles.
Até a Lapa e tomo um tapa.
'quela vez, tomei um soco e ficou roxo. Igual o do Collor.
Porque Colorida é amizade Boa.
Vê uma Antártica, Tião, já que não tem Itaipava.
Aliás, lá é bom.
Podíamos ir no carnaval.

Tum-tum, pá ti cum bun.
da.
ta.
ta.
Que bêbada safada!
Tá errada, sua sapa.
Passa!? Nunca gostei,

Panetone devia ser proibido.


- : - 65:59 - : -

A Bula (ou sobre o verbo postiçar)

no opróbrio próprio, eu prego a falácia. a-a gentalha, sou nem genitália.

já o riso tantálico pospõe o inefável, o estado imutável é o fortúnio a-logrado.

deveras fungível, sim sim, sou fungável; às porcas bazófias, às parcas prosápias...

eu sigo amovível à delonga arfada, clamo a talagada - à prosódia aprumada.

pois sinto o encargo do meu caiporismo e a qualquer aforismo, consinto e abdico.

encarcero o peito ao abafadiço, retenho os caniços, (s)ou, enfim, postiço.

.

Quando Cartola versa a Esperança Vaga

Olhou para os lados, certificando-se de que não havia ninguém mais no pátio. Deitou a mão no bolso e pegou sua carteira de cigarros. Não tinha a menor vontade de fumar; ainda o último filtro brilhava, fosco, noutro canto, próximo a uma pequena árvore.

Mesmo assim acendeu. “São assim os vícios”, pensou, “Faz-se menos do que se pode, mais do que dever-se-ia, é involuntário”. Acreditava que a vontade naturalmente se torna menos forte que o costume. Já este, abertas as alas, assume sem garbo as rédeas, apenas devolvendo o couro à mentora inicial em casos de extrema urgência ou novidade; fumaria por costume, então.


Assim explicava também a rotina ou a monotonia - agiriam elas como os vícios. Junto ao costume, por vezes, atuaria ainda um outro tipo de sentimento, uma espécie de incentivo paralelo à má vontade, mas este ele não conseguia, não por medo, sim por falta de vocabulário, empalavrar. De qualquer maneira, soprava a fumaça e nada observava à escuridão; nessa hora, a luz fraca do penúltimo havia já morrido. Pôs-se a se concentrar nos barulhos que o cercavam, e tentou, em vão, identificar uma música que, lá, bem ao fundo, indicava a existência de um bar ou coisa parecida.

Imediatamente pensou em beber algo, mas logo desistiu. Lembrou-se do recente arrebatamento e concluiu ter encontrado mais um meio para reforçá-lo. Nesses momentos não raros de anti-contemplação, costumava tentar pensar. Não duvide, precirritado leitor, de que houvesse muito a se pensar naquela cabecinha. Tudo muito vago, fugaz e solúvel, como o pó, mas havia. Seu problema maior esboçava ser a, própria e alheia, falta de dedicação aos conflitos e dúvidas que tentavam atormentá-lo, tivessem eles espaço. Alguém precisava, portanto, avisá-lo que os sorrisos amarelos, apesar de razoáveis escondedores, resultam em dentes azuis, irrefutavelmente. E que sua busca pela nova versão da Bela Morte, que alguém já disse "toda uma vida honrar", não trazer-lhe-ia necessariamente bons frutos, ao menos da maneira com que se desenhava, escrevia.

Novamente creditou ao costume sua falta de ação. Queria desvencilhar-se do marasmo chato recém instalado, mas seguia a vontade inerte, letárgica, privilegiando como sempre o garantido. As vozes altas e as longas gargalhadas, cada vez mais próximas, denunciavam que o tal bar havia fechado. Fechado. A alegria daqueles bêbados passou então bem perto, mas nosso herói fez questão de se esconder. “Deve entre eles haver algum conhecido que provavelmente me chamará para acompanha-los”, imaginou.

Deu então a última tragada, longa e pesada, quase queimando os dedos. Quando teve certeza de que novamente não mais havia alguém por perto, levantou-se, ajeitou as roupas de forma que não se percebesse onde estivera e preparou-se para sair. Antes, inconscientemente, deitou a mão no bolso e pegou sua carteira de cigarros.

Acendeu outro.

Em tópicos


- Utopia é um termo moderno, quando ela acaba, começa o hojemdia. Hojemdia chato e triste esse. Morto, frio e gordo também. Porque quando havia a utopia, havia o bom-óbvio, aquele do Groucho Estíffens, existia estímulo, sabe? Hoje, na minha opinião, o estímulo é o “Pedala Robinho”, estímulo ao lhufas e ao chongas. E bebe-se, e fuma-se, e ri-se, e existe-se nessa de nada. Falta de perspectiva é o problema. O conceito boçal de romantismo que rola por aí parece contradizer a idéia, mas não. Como se chamam mesmo, no singular, os rococós dos enfeites e adereços? Argh, paradoxo. Enfim, romantutopia é legal sim, motiva.

- Aí vem alguém celebrar a angústia, diz que ela estimula o homem a sair de si mesmo, a soprar a banalidade do cotidiano e alcançar a transcendência – de testo o termo –, abandonando enfim a antiga existência sûr le rien absolu. Contemporâneo safado esse Ráidig – perdoem o sotaque – que credita à angústia um papel que melhor cairia na, cuidado, boa fé. Boa fé é pejorativo. Perdão, então, não, Utopia. Força motriz. Anti-desânimo. Esse hoje tá desanimando? Não se deixe engolir. Mergulhe, vá ao fundo, mas não pratique apnéia. Pode acabar ficando lá embaixo. ... . Droga! Isso é trânsito, fluxo, instabilidade? Merda de paradoxo.

- Por fim, seguiremos avaliando os graus de animosidade superfólica coercitante do ID dos cães pastores. Falamos, aqui, dos humanos, fique claro.





- Ahn... err... ouquêi. Voltem para os seus lugares, Moldo, Di e Sophum.








* vai ao toalete * sussurra






- Alô, professor Estíffens? Bem, não sei se essa história de filosofia pro ensino médio tá dando certo... medo.

They can; I try

- Concordo. Sou mais o pijaminha de algodão dos ébrios boêmios.
- Exato. A formalidade é um vestido longo de festa, feito pra inglêsver, cheio da pompa, mas mais pobre que chuchu.
- Boemia é como o jantar. É o arroz e feijão.
- Enquanto a cerimônia é o dîner, pouca comida e cara de bunda.
- É... E bem melhor uma bunda do que a cara dela.
- Seja na mesa ou fora dela.- Puts, tão bom concordar com alguém... Deixa-me ver a sua bunda.
- (...) Bom, discrição, ahn? (...) Taí, gosta?
- Porra, bem melhor que cara de francês.
- Ah, mas isso eu já sei há tempos... Agora eu quero saber se ela é boa.
- É. Na ‘ebrietude’, tudo se encara.
- É. Na ‘ebrietude’, tudo se encara.
- Quem repete a frase, repete o prato.
- Não, não sou de reatar namoro... A gente não funciona sob pressão.
- Claro, isso é coisa de chopp. Caralho, seis da matina.
- Chopp não é feito pra funcionar, no máximo pra deslizar.
- Goela abaixo?
- Também. Copo abaixo, eu dizia.
- De copo pra corpo é um erre e uma tônica.
- De mim pra você são dois erros e só.
- Erros quais?
- Eu e você.
- Arroz e feijão.
- Boemia?
- É... Melhor que chuchu.
- De fato.
- Aliás, ouvi que você tá dando que nem chuchu na serra...
- Ah, tô. De pijaminha de algodão.
- De vestido é mais sexy.
- Menos. De vestido pra camisola são dois beijos.
- De camisola pra chuchu na serra são mais dois.
- Então fechado, dou-te quatro beijos e começamos a plantação.
- Ah, não. To querendo caviar.
- Tomar no cu.

- Os próximos são vocês dois.
- Ih, é.- Vai lá.- Oi, moça. Dez pãezinhos, por favor.- Os mais torradinhos, se possível.

Sujismundo em: Visita à Comarca.


Estrada, ar-condicionado, chauffeur, jazz. Pedágio. ‘Veículo oficial, senhorita’. Não paga. Senhorita: Sorriso. ‘Bom dia!’. Olha a janela, de trás, sorri, língua o lábio. Uá ha, poor one! Estagiário, fodido, só cara, não caro. E o chauffeur mudo. E Diana Krall tentando. E três papagaias me apertam à porta. Ciscam e latem. Uma ostra, uma passa e a gostosinha da frente. Miro o retrovisor, celular, ela atende, ‘amor’. Então toma no cu, piranha perua. Pensei, não falei, to careta, buceta. Agora é a ostra no fone. ‘Shiiiiiiiiu!!’. Quase peidei. Cheiro e barulho em tailleurs seda pura. Secas putas. Maldito jejum. Saio do carro e as gralhas atrás. ‘O decote da Rafaela vinha até aqui, ó!’. Tinha então peito, ao menos, vacona. Shiu. Blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá. Carecas, barrigas, suando e sorrindo. E o povo dormindo. A missão se cumprindo. Sangue me subindo. Quaaase cospindo. Cabou. Não. Blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá. Cabou. Não. Blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá. Outra puta parindo, o barbudo sorrindo, ‘oh que discurso lindo’. Cu, cu, cu. Fome do (no) caralho. Taurus. Chauffeur. Dele eu gosto. Papo-Durado, jogo do Vasco. Prefeitura. Atura. Blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá. Anotado. Blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá. Ah, caralho. Prefeito. Corregedor. Patos. Advogados. Presidente. Ogros. Putas de ao joelho. E vem o almoço. Hotel mil estrelas. Prata à mesa. Cuisine francesa. Mas e a despesa? Uaaá ha, o negócio é mamar. Do povo mamar. E os putos mimar.

Aaah, eu me odeio!

Soneto Atrapalhado

O seu ziriguidum desenxabido
É a quizumba que zomba, é o samba atroz.
Sou balacobaco, mas, sim, tenho dó.
Teço juras de aTor, ao pé do ouvido.


(Mas se usar quiprocó já foi usado,
Quem será o Ricardo pra dar pitaco?
Não vou criar caso, nem pé no saco
Contra esse irmão barbudo e apaixonado)


Mulata, acorda e vai pro boteco.
Vai que eu te mostro, te sopro num eco.
Abraça-me e mexe esse teu coração!


E esquece o que eu digo, samba e rebola!
Terça é Carnaval, é o dia da Escola!
Nos fogos te beijo, dou-te um safanão!
Conflitos pessoais de toda sorte
Procurava a Bela Morte
Só queria a todos fascinar

Boatos geram o desassossego,
Sensação de desapego
Chapinhas soltas pelo bar.

Raras, soltas, outras, poucas,
Roucas, doidas, sem escolha
Sempre, em vão, à mesa, tentam figurar

Descartadas, têm motivo
Tudo as leva ao conflito
Dúvida se veste, então, para passear.


Porque eu não sei, porque eu não sei, porque eu não sei.
(e aqui entraria o solo de guitarra mais psicodélico desde aqueles anos)

Tônica


Sonny Green resolveu ir à boate. Banho não tomou, mas vestiu a melhor camisa velha, a mais bem rasgada das calças, o chinelinho de couro e foi.Antes do rock propriamente dito, decidiu uma parada estratégica no Trepo Torto.

- Que-que tu tem de forte? – ao homem do balcão
- O tríceps, ha ho he há ho.

- Uísque nacional com tequila, por favor.
- Ahn? Misturados?

SG até se arriscou a virar tudo de uma vez só, mas não segurou e deu uma ligeira vomitada.

- Ha ho he há ho.
- Tá rindo de quê, garçon idiota?
- Da cara que aquela loirona fez quando você cuspiu a bile!

- Posso sentar contigo, moça?
- Só se pagar o rum.
- Vê dois, rapá!
- Penny, e já deixo avisado que tu não vai me comer – estendendo a mão.
- SG pros íntimos, hehe... – forçando a barra pr’um beijinho na bochecha.

O tríceps demorava a trazer as doses e a falta de assunto sentou pra ler os classificados. SG decidiu agir, antes que fosse mais tarde.

- Tô indo pra festinha de rock, afim?
- Isso é piada, Sem Graça? Com esse chinelo tu não entra nem em forró.

A gostosa virou a dose e pediu mais uma. SG percebeu o desafio e propôs um jogo.

- Se eu virar o gim, o uísque e a tequila, tu vai comigo e com o chinelo pra festa.
- É rum. - ...
- E se não virar, me deixa cinquenta reais e a sua calça.
- Quê? Tu tá querendo que eu saia daqui pelado, safadinha? – ensaiando uma pauloricardo.
- Não, não é isso. A tua calça já está vomitada, o prognóstico diz que a situação vai piorar...
- Fuma?

Ele ofereceu o Marlboro.

- Não, idiota. Tô falando de outra...
- Ah, tá; não. Dos vícios, só três.
- Pior pra você, e eu não vou perguntar quais são... – riu enquanto acendia o baseado – Então o teu negócio é rock? Tá indo pra onde?

BJ falou o nome da boatezinha da moda. Ela morreu de rir e cuspiu a fumaça.

- Aquilo lá é uma merda. Rock de verdade não tá dentro de boate...
- Papo furado! Vai dizer que tu não dança?
- Não danço.
- Faz o que então?
- ... Garçon, traz uísque e tequila.
- Hmm... Topou a aposta?
- Só porque tô precisando de grana.

E Sonny Green virou os dois. E arrematou com o gim.

- É rum, brother. Já falei...
- Foda-se. O que importa é que eu virei e já tá ficando tarde. Anda, levanta!
- Levanta? Tá louco?
- Louco é louco, imbecil é outra coisa. Tu falou que ia comigo, agora vai!
- Hahaha, não mesmo.

Penny levantou-se, foi ao balcão e comentou, rindo, alguma coisa com o garçon. Ele respondeu:

- Ha ho he há ho! Tem certeza? - Lógico!

SG apareceu, entorpemputecido.

- Cês dois tão falando de mim, né? Anda, diz na cara!
- ‘diz na cara’? Não fode, cara... tô ocupada agora – e passou pro outro lado do balcão.
- Tu perguntou se ela tinha certeza. Certeza do que, mané?
- Ninteressa, rapá. Agora sai, que a gente tá ocupado...
- Ah... mas vocês dois não vão MESMO se pegar na minha frente!
- Não...
- Não.
- Vão fazer o que, então, porra?

A loira e o garçon nem precisaram se esforçar pra frase de efeito. De efeito mesmo foi o desmaio do SG, apagado e vomitado em cima da ovarada amarela do balcão de vidro. - Ha ho he há ho! - Ha ho he há ho!

Dois sem ésse

- (insiste) Persoña no computador... o dia de frente pra tela, coisa merda. Cúmulo da falta do que fazer.
- (traga) É viciante pra caralho. Ouvindo uma música FODA... Fumando... Escrevendo...
- (apela) Essa bosta ao invés de estudar! Isso é tempo perdido, é vagabundagem. (ironiza) Vai ler. Posso recomendar alguma coisa...
- (dispara) Cultura é o q’eu mais quero, oras. E eu faço porque eu gosto. Simples, natural.
- (ignora) BULLSHIT.
- (se anima) Você Assistiu Como Perder um Homem em dez Dias? (gargalhando) É hilário...
- (desdenha) Tô vendo a tua cultura! “Adora cinema...”.

(pensa)

- (e diz) Umberto Eco já falou disso, em Apocalípticos e Integrados senãomengano. Descoberta da vida de alguns na faculdade... (pau-sa-do) Listinha dos lidos na ponta da língua, né?

(respira)

- (e fala) Mudando de assunto, tem festa no puteiro, sábado que vem.
- (procrastina) Não sei se vou à festa desse homônimo de fãnqueiro.
- (abrevia) Ia ser uma boa... resolveríamos logo. Tchau-angústia. Fim de silêncio.
- (suspira) Pois é. O tempo passa e nada acontece.
- (sorri) Combinado, nos vemos lá. O que será que será?
- (desvia) Veremos. Sem prever, deixa fluir...
- (abraça) Ah, esqueci de dizer que detesto o teu new stile.
- (estremece) E eu me irrito com essas suas gírias babacas.

- É?
- Vem.

Beijam-se por dez minutos.
Abraçados.
No chão.

Bamba de Bamba

Seu Eires era um baixinho invocado. Apesar dos ínfimos um e sessenta e três, olhava pra todos de cima pra baixo. Tinha ar de barão.

Barão decadente, não restamdúvida. Quando jogava poker com os amigos, não se importava em perder, tanto fazia; bastava-lhe ao menos ser o primeiro a calcular os números, a reproduzir as apostas, estava muito mais para croupier.

No auge do vai-e-vem de aptidões com que sua vida se desenhava, decide, aos sessenta e seis, ser porteiro numa ruela do Catete. Ou ‘Flamengo!’, como bradavam os deselegantes moradores, embasados, orgulhosos, em um erro dos Correios.

O trabalho não era ruim: resumia-se a descansar todo o dia, ouvindo todos os jogos de seu Olaria e o resumo de notícias da Nacional em seu radinho de pilha. De quebra, uma ou outra fofoca, duas ou três picuinhas; a toda hora, o rebolado das mamães e a azia das velhinhas.

Mulheres.

‘No meu tempo a molecada não era mole desse jeito, não. Era pá-pum: olha pra rapariga, dá-lhe uma florzinha e mete-lhe a piroca, não tem papo furado!’, explicava pro garoto de treze anos do 203. "Bom dia, meu sol nascente!", sussurrava à dona Aurora, a velha viúva do 603 que jurava detestar ao menos olhar ‘pro rosto torpe do esqueleto dorminhoco da portaria'. Cochilar durante a labuta também não trazia conseqüências mais sérias, mas irritava a síndica pianista.

Dona Truka era alemã, chegou à cidade no terceiro ano do XX, acoxambrada no ventre de uma dançarina de can-can. Tudo o que nunca fora na vida a maquiava em suas conversas secas com o velho Eires. Everuscka Truka, que nunca resistira 23 dias no mesmo emprego, fizera um curso de piano por correspondência e desde então vivia do lecionar, desprendendo rimas de Abba ou de Lennon pr’um aluno qualquer. Conquistara prestígio graças ao ar de modernidade, o lenço jogado no pescoço e o cinto roxo na altura do umbigo; olhavam-na com deslumbre. O porteiro, todavia, nunca lhe tratou com o menor respeito.

Certa noite, Eires tinha um compromisso de gala. Jorge, o menino do Bicho, avisou que haveria festa no morro, com direito a sambinha de Ari Barroso, bateria da verde-azul e lança-perfume a dois vinténs a noite toda. ‘Ótima chance pr’uma fungada’, pensou ao enlaçar a borboleta, dois microssegundos antes de Truka esmurrar a porta.


- Mein Got, eu pensar que o senhorra teve uma infarto! Te veste lôgo que eu tenho um tarêfa pro você – berrou em sustenido, enquanto puxava o homem pelos ombros para o corredor.
- Não, não e não! Hoje é meu dia e não vai ser a tua cara feia que vai estragar. Vade-retro, velha nazista!


A alemã imediatamente fechou os olhos e sentiu o sangue subir. Num estalo fez-se vermelha, um morango gigante. Fechou também as mãos e num gesto inesperado socou com gosto o ventre magro do Eires engravatado.

(O porteiro tentou por muito tempo abrir os olhos, mas era em vão. Tudo rodava, o vestido de dona Truka se misturava com o azulejo do hall de entrada, seu crânio vibrava e movia-se sozinho, dançando com a visão embassada).

Mas o velho reagiu e só o que conseguiu fazer foi se lançar sobre o corpo ofensivamente gordo da outra. De olhos ainda fechados, beijou seu patuá e voou pro meio daquelas carnes molengas, num afã, primordialmente, sanguinário.

Ilumina-se aqui o primordialmente porque, como nos melhores momentos da vida – aqueles em que a vontade acumulada resolve criar pernas e sexo, e age por impulso – a Frau sessentona despiu-se de qualquer decência e decidiu se mexer. Com a mesma facilidade e sorriso espumante com que uma criança mutila as patas de um inseto, Truska imobilizou os frágeis bracinhos do garboso porteiro. Parecia uma lutadora de verdade, entortou-lhe as mãos como numa trança mal-feita e deitou-lhe no chão, estático por condição.

De súbito, abriu a bocarra enorme e aplicou-lhe o beijo mais molhado de sua vida. Sugava com gosto as entranhas do velho, enquanto alisava com vigor sua falta de carnes. Mesmo que quisesse, Eires não poderia reagir. O porteiro amassado apoiou-se, então, nesse álibi de meia arroba e deixou-se entregar aos prazeres da libertinagem, sobre o tapete vermelho-decadente do corredor de entrada.

Beijavam-se enlouquecidamente, nenhuma palavra, os olhos sempre fechados, a respiração acelerada. O elevador trouxe dona Aurora, que se limitou a gritar e sair correndo, mesmo depois de ter enganchado o vestido no salto do sapato da velha Truska e criado um rasgo que chegava-lhe até as coxas. Urrava, bestificada.

Sob a mesa do porteiro, o garoto do 203 ria-se mexendo todo o corpo, esperando ansioso pela hora em que o velho ‘meteria a piroca’ em alguma parte da dona síndica. A rua toda parou pra assistir o balacobaco inusitado: a turma do bar, da mercearia, o homem da banca de jornal, as crianças do parquinho; todos espremidos ao redor do vidro sujo da portaria.

Eires e Truska perceberam, é claro, mas não se importavam. Limitavam-se a aproveitar.

Beijaram-se por mais três minutos e se desgrudaram. A alemã levantou-se rapidamente enquanto ainda tentava, em vão, arrumar o cabelo e fechar os quatro botões que lhe faltavam no vestido florido. Entrou ligeira no elevador, cantarolando Dancing Queen em ré bemol. Eires permaneceu onde estava por mais alguns segundos; depois ajeitou a camisa dentro do suspensório colorido, desentortou a gravata-borboleta e saiu andando rumo ao morro e à bateria da verde-azul. Até tentou, mas não achava forma de conter o leve sorriso safado que insistiu em se sentar no cantinho de sua boca.

Mais do que nunca olhava para todos de cima para baixo.

Assoviou, feliz, pela esquinas torta dos Largo do Machado.

Perversão

O primeiro cigarro do dia, nu, ainda na cama, era sempre o melhor. Cheiro da noite anterior, gosto de fumaça, elo com a vadiagem.

Nada podia ser mais confortável do que a velha sensação de embriaguez permanente. Acordar com os olhos inchados, pesados, os sentidos arrastados, a boca seca, o gosto indecifrável de tabaco, álcool e saliva misturados, e passar o dia todo assim. O que finalmente se tornava um hábito – para uns, sinal de alerta, digno de cuidado – era, sem dúvida, garantia de bem viver, ‘ser todo, em tudo’.

E esses dias pós-gandaia não se arrastam pesados como supõem os caretas; ao contrário, fluem bem, são mais leves. Por um capricho qualquer que não se explica, tudo ganha uma tensão diferente: o corriqueiro passa a merecer um sorriso safado; nos que se vê sempre, enxerga-se novidade; na boca ao lado beija-se a da frente. Tudo sob a névoa suja, bem vinda, pejorativamente chamada por alguns de ressaca.

A noite não demorava a chegar e tudo começaria novamente. Mais suor, outros cheiros, mais cigarros, outros toques, mais álcool barato, outros becos e mais vontade. Mais vontade.


À perversão.

agullar

E viva o Ferreira Gullar!
Viva, Ferreira Gullar.

.


Cantada

Você é mais bonita que uma bola prateada
de papel de cigarro
Você é mais bonita que uma poça d'água
límpida
num lugar escondido
Você é mais bonita que uma zebra
que um filhote de onça
que um Boeing 707 em pleno ar
Você é mais bonita que um jardim florido
em frente ao mar em Ipanema
Você é mais bonita que uma refinaria da Petrobrás
de noite
mais bonita que Ursula Andress
que o Palácio da Alvorada
mais bonita que a alvorada
que o mar azul-safira
da República Dominicana
Olha,você é tão bonita quanto o Rio de Janeiro

em maio
e quase tão bonita
quanto a Revolução Cubana

Ar roubo

vivia de caneta e sonho bom o dia inteiro.
nao sabia o que querer; só o que restava era ceder.
botava o disco na vitrola, tomava a aspirina.
fechava os olhos via, sob a cor da naftalina
os versos bobos, feios, que tantara escrever

arroubos ou ensejos, era em vão, estava à mercê.
os pratos se acumulam, acorda então, vai reagiro
telefone toca, boas novas hão de vir
retratos trazem tempos que gostava de sentir

o vento na piscina, sob o sol a reluzir.
separado, mas junto, o que lhe resta é aprender
'levanta essa testa, sai andando e vai vencer'
'vencer com meus princípios', respondia a soluçar

a angústia tem seus meios, suas formas de castrar
uma vez derrotada ela foge, como o pensar
e resta pelo menos a vitrola pra chorar.
a história recomeça e o sol nasce sobre o mar

no Rio as velhinhas vão à praia, caminhar
e ele, assim, deitado, não aprendia a liçãoe
e em versos derrotados implorava por perdão.

Sambinha

Quem dera a mais linda poesia
Quem dera poder conhecer a vida
A forma daquilo que não existe
e a receita, para não mais ficar triste.

Quem dera, olhar pro céu e voar.

E ver, tudo lá daquele andar.

Todo esse povo bem pequenininho

ao som do canto bom dos passarinhos.

Se um dia, eu puder plantar feijão,

e um tronco enorme sair lá do chão.

Não perco a chance e fico cá em cima

gozando o rebolado das meninas.

E durmo, numa nuvem de algodão.

O mesmo, das festas de São João.

Mas se você gritar, disser que não

Despenco, caio direto pro chão.

Frango Assado

Sinto-me só
sozinho, sentado,
sobrando nesse sofá,
suando o sábado,
sem saco ou salário,
eu não sei mais o que será

Eu só sei que você,
sem saber,
separou, fez sangrar
sem sorrir, eu senti
o safado sabor
de sair da sua sombra.

Se salvo eu for,
saberei separar
sua sombra do certo
e os seus seios do sexo
não será mais sonsa
porque eu saberei:

Por que você é assim?

Se já são seis horas
sete horas, não sei
eu nem sei se sou seu
ou se eu posso sair, por aí,
sigo solto, mas tenso, sonhando
e sabendo o que sinto
eu te peço pra vir

Mas se for assim
saberei superar
o fim sem graça dessa nossa história
simplória
não serei mais somente seu...

Por que você é assim?